quinta-feira, 21 de julho de 2011

Gaivota, quem me dera ser









Gaivota, quem me dera ser,

Ter asas,

Reais,

Voar como as demais.

Ver por cima,

Longe,

Só o belo,

O puro,

O colorido,

Rasar só a beleza

Que chama o meu sentido.

Viver por cima,

Acima,

Não tocar,

Apenas passar,

Roçar o ar

E voar, voar, voar…

Até não mais aguentar

No ar.

Não ter cicatrizes,

Passar, rasar,

Não deixar criar

Raízes.

Apenas sentir,

Dançar,

Ir por ir,

Sem razão,

Sem um fim,

Até ao fim,

Até o mais fundo de mim.

Andar no ar,

Dançar,

Sobrevoar,

Ser livre,

Ver o nascer

E o morrer

Do sol

No mar.

Desfrutar.

E poder cantar

E acordar

Todas as manhãs

E brincar

E comunicar

Com as gaivotas irmãs.

Fazer um voo profundo,

Gozar, gritar,

Planar, correr

E sempre a sobrevoar

O mundo.

Em voo picado,

Direito ao peixe,

Mergulhar,

Pescar,

Comer sem beliscar

A pureza,

O crescer

Do momento,

Puro prazer.

E amar,

Amor que não limito,

Único e primeiro,

Viver e beijar,

Amar meu companheiro

Até ao infinito.

Fazer o ninho,

Criar os filhos,

Trazer comida

Ao seu pequeno bico,

Com todo o amor

Alimentar a sua vida.

E lá vão eles,

Além,

A voar rumo ao infinito,

São da vida,

São do mundo,

Adeus,

Vão voar

Os seus voos,

É tão bonito!

E planando,

Vendo o mundo,

pleno,

Por cima,

Gozando o mais belo poema,

Momento que passa

Profundo!

Gaivota

Quem me dera ser,

Sentir,

Voar,

Ter o prazer,

Da chegada,

Da partida,

Da viagem pelo ar,

Pelo mar,

Pela vida!

Gaivota,

Quem me dera ser,

Poder

Ter

O prazer

De não sentir

Nem ter

De falar,

De pensar

Na vida,

Apenas viver.

Apenas sentir o ar,

A liberdade,

O amor.

Só pela beleza ser possuída.

Não consigo imaginar

Melhor vida.

Gozar o vai-vém,

Voos partilhados,

Picados,

Planados…

Ir sempre além

Nas manhãs,

Nos crepúsculos

Calmos, suaves,

Gozados.

E viver

A essência,

A beleza do momento,

Do segundo.

Nada desejar,

Tudo ter,

Pequeno ser

Que,

Sem ter poder,

Poder ter o mundo.