domingo, 20 de abril de 2014

Deambuladora



Resolvi andar na rua

sem destino, sem pensar,

pelo gozo de andar

e ver e ser

mais uma no meio de tanta gente!

Sentir o pulsar da cidade,

do ruído,

dos que tem pressa,

dos que nada vêem,

dos que são estátua

à espera do meu olhar,

dos que pedem nas esquinas do tempo,

dos que nem têm tempo para olhar

quanto mais para ver!

Vagueio

feita deambuladora

embrulhada em sentires

com um poema de amor

por todos os que vejo

a crescer-me na cabeça,

a sentir-me boazinha por dentro,

que ninguém vê!

Por fora

sou apenas uma turista

do acontecer

na cidade mais bonita do mundo:

a minha,

Lisboa!

terça-feira, 8 de abril de 2014

Alma de poeta




Ter alma de poeta

é ver a lua cheia

numa noite de tempestade.

É cantar a vida

feita revolução

num cravo vermelho.

É ver numa nuvem

em forma de nuvem

um deus revelado.

É receber o segredo

do espírito do tempo

guardado numa pedra sem idade.

É apontar o dedo,

pôr a mão na ferida

das injustiças.

É sangrar em todas as cores do arco-íris

para pintar a dor.

É ter asas e voar

para além do próprio voo

até ao pais dos poetas.

É regressar à vida diária

tropeçar na rotina

com a alma cheia 

de pequenos grandes nadas.

É mostrar que o rei vai nu

doa a quem doer.

Num poeta é proibida a apatia!