sexta-feira, 30 de abril de 2010

COMO NASCEU O ESCRINVENTANDO

Gosto muito do mês de Fevereiro. Apesar de ser mais pequeno e talvez por isso mesmo, costuma ser um mês cheio de coisas boas. Este ano não foi excepção. Devorei um curso super-interessante que só teve um defeito: foi demasiado curto. Como tudo o que vale a pena e nos dá gozo, passa depressa e acaba quando menos desejamos.

O El Corte Inglês, através do seu Departamento de Âmbito Cultural, promove a cultura oferecendo conhecimento. Que belo exemplo para as empresas nacionais! Talvez um dia, quem sabe!

O professor José Couto Nogueira estruturou este Curso de Escrita Criativa de uma forma diversificada e interessante. Aquelas duas horas voavam entre os conselhos aos “futuros escritores”, as questões que se iam levantando e esclarecendo e a presença dos excelentes convidados muito bem escolhidos.

No final do curso marcámos um dia para conversar individualmente com o José Couto Nogueira. Ele daria a sua opinião sobre a nossa escrita através dos trabalhos apresentados. O que ele me disse acordou o bichinho da escrita que hibernava algures cá dentro. Ele aconselhou-me a continuar a escrever e a criar um blog.

E assim nasceu o “escrinventando”. E estou com muita vontade de ir escrinventando por aqui.

Ao José Couto Nogueira só posso deixar o meu muito obrigada e desejar que continue assim com aquele seu jeito de quem está de bem com a vida, atento, bem-humorado e transmitindo boas energias e boas dicas para quem deseja escrever. Foi um prazer! Bem haja!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Go on, viajar é muito mais belo que chegar. Boa viagem.

Go on,
it is well worth!
Go on, always go on,
even when the sun doesn't shine.
Tomorrow is just another day.

Go on,
even when all friends have gone,
when you are all alone,
just go on.
Because of me,
go on,
because the world goes with you.

Go on
even when you don't believe,
darkness is made of shadows
and you are made of dreams.

Go on,
if there isn't another way,
go on in dreams...

Eu tenho uma lua todos os dias. Sou uma sortuda...




Esta é a Lua.
O nome vai-lhe a matar: é completamente aluada. Adora brincar às escondidas, com qualquer fio, com o ratinho, com tudo o que mexe. É independente q.b. e alegre que se farta.
Todos gostam de cães mas para gostar de gatos é preciso respeitá-los e fazer com que confiem em nós: vale bem a pena!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Trabalho de Maria Júlia Pacheco sobre“As Horas” de Michael Cunningham

Aqui a literatura alimenta-se da literatura e que bela escolha que Cunningham fez! Este livro é uma homenagem do autor a Virginia Woolf. O episódio inicial do seu ficcionado suicídio, como prólogo, centra o tema para a obra.

As protagonistas deste romance representam as três faces de Mrs. Dalloway: Virginia – a que escreve, Laura – a que lê e Clarissa – a que vive.

A vida destas mulheres é medida em horas, em instantes. Cada hora exige a urgência do ser, do viver, do sentir a cidade, do experimentar-se a si mesma, do interagir com os outros, a deliciosa intensidade de cada instante, o acordar para o dia, uma janela que se abre, o salto para a vida ou, finalmente, para a morte.

Num estilo bastante intimista, o autor trata a solidão, a inadaptação e os sonhos que habitam estas vidas. Mrs. Dalloway é a presença inspiradora do romance e das vidas das protagonistas, quer como a leitura que acompanha Laura e interfere na visão da sua castradora vida doméstica, quer como criação literária e companhia de Virginia, quer ainda por ser o nome pelo qual Richard trata carinhosamente Clarissa. O amor à vida e a sensação de não pertença à mesma perpassa por todas elas. A vida e a morte não se opõem, antes convivem.

Cunningham vai fundo na construção destas personalidades, conferindo-lhes uma contenção e uma qualidade que lhes acrescenta às suas vidas reais uma outra vida secreta de sensações plenas idealizadas, um mundo paralelo que as preenche ou as angustia, mas que as acompanha e as torna tão ricas psicologicamente. Ele guia-nos por estes labirintos de intimidade feminina como um verdadeiro expert.

A sua escrita é elegante e sensível, construindo um puzzle onde os fios das três narrativas em três épocas diferentes se encaixam e nos guiam até ao fim tão bem orquestrado! Saborear “as horas” foi um prazer que me alheou da passagem das horas e me aguçou o apetite para reler Virginia Woolf. Reler vai ser melhor que ler, agora estou ainda mais desperta. Cunningham no seu melhor. Tiro-lhe o chapéu!

Nesta fase do PREC-EC (processo de revelação de escrita criativa – em curso), ler um romance com esta qualidade só pode ser inspirador! Ou não! Veremos!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nada extraído de coisa nenhuma

Rói o silêncio estagnado nas paredes sem futuro, mas com passado!

terça-feira, 20 de abril de 2010

O desamor pode dar nisto....

O nosso foi um caso de tiro e queda! Mal te vi fiquei perdidamente apaixonada. Lembro-me tão bem daquele fim de tarde em Setembro! Fiquei fascinada contigo, não conseguia deixar de te olhar, eras tudo o que eu procurava! Que loucura! Eras mesmo o meu tipo! Melhor era impossível. Foi uma época de encantamento: só estava bem a olhar para ti, a tocar-te, a passear-me contigo para que todos vissem como tínhamos sido feitos um para o outro!

Nos primeiros tempos foi uma paixão assolapada. Não passava sem ti: o que nós passeámos, os jantares românticos que tivemos, as festas a que fomos, os caminhos que percorremos juntos! Enfim: bons tempos! Agora consigo perceber que foi um exagero... Devia ter sabido dosear, foi demasiado intenso... mas as paixões não suportam estes desabafos bem-pensantes! Vivemos em pleno! Isso ninguém nos tira!

A nossa sintonia era total. Eras a minha segunda pele. “Quem foi que à tua pele conferiu esse papel de mais que tua pele seres pele da minha pele?” Sentia-me tão confortável contigo! E como aumentavas a minha auto-estima! Fazias-me sentir ainda mais mulher, mais apetecível, mais sensual, mais confiante... “Youre just too good to be true, can’t take my eyes over you”...

Com o tempo, começámos a sair cada vez menos. Gostava bastante de ti, achava-te super elegante, eras de tirar o fôlego! Embora um pouco clássico... As minhas amigas achavam-te o máximo. Mas apareceram outros que também eram bem giros! E mais modernos, com um ar mais descontraído...

Tens vindo a envelhecer... Os anos têm sido duros contigo. Têm deixado as suas marcas. Algumas irreparáveis. Começo a já não gostar de ser vista contigo. Sinto um certo mau estar quando vamos a qualquer lado, nem que seja só tomar um café! O teu aspecto já me causa embaraço. O teu prazo de validade expirou. Sinto muito! A sério!

Eu sei que vou sentir saudades tuas. Passámos juntos momentos inesquecíveis. Mas não dá mais. A nossa história chegou ao fim.

É uma pena, foste o par de sapatos mais elegante que tive!

Adeus!