É a ultima vez que sai daquela casa. Leva o fiel amigo Basílio e uma
mochila com os bens essenciais.
Que dor de alma deixar aquela casa onde viveu os últimos 40 anos!
A mulher morreu de doença prolongada. Com ela gastou todas as economias de
uma vida. O filho emigrou para fugir à crise. Deu-lhe o pouco que tinha.
Neste país adiado, a sua vida ficou adiada também. A sua reforma emagreceu.
As despesas engordaram. Já não aguenta mais! Entregou a casa ao senhorio.
A palavra cravou-se na cabeça: sem abrigo!
Vai viver por aí com o seu querido Basílio, desse não se irá separar.
Fecha a porta sobre a sua vida e despede-se da vizinha:
- Vou de férias. Até um dia destes.
A vida só é possivel reinventada!