quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Festa das palavras

 
 
 
Palavras leva-as o vento
tão forte como o pensamento,
decididamente 
a palavra quer entrar!
Bate leve,
levemente
- Posso entrar?
- Entre
e ela entra lentamente
e diz que quer ficar.
E traz
as amigas atrás.
Palavras aos saltinhos,
começam a dançar
em frases,
devagar devagarinho
e a festa a rebentar.
Que alegria,
que festança,
as palavras
e a dança
das frases em euforia
conquistando
seu espaço
há festa até ser dia,
cada uma em seu compasso
as frases vão-se formando,
tudo a entrar-me na cabeça
expulsam as coisas más,
cada vez mais depressa
e os pensamentos
vão atrás.
Viva a festa!
Não há festa como esta
e as palavras a entrar,
a dançar
e a ficar.
O poder da palavra a reinar
e o pensamento a gostar.
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Caminhando contra o vento




Caminhando contra o vento

caminho

por mim adentro.

O vento

despenteia o pensamento

para memórias soltas

do passado

dançando

com este caminhado

presente

e acelerando o passo

para o momento

a seguir

meio sondado

meio vivido

meio pensado.

Caminhando contra o vento

caminho a favor da vida,

da força do pensamento,

caminho

com o movimento.

Contra o vento

amigo

que me obriga

a ir em frente

e eu consigo!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Caminho




Vem por aqui.

Não, não vou por aí,

sigo o meu próprio trilho,

que vou escolhendo,

que aponta noutro sentido,

com menos brilho,

caminho de terra batida, 

às vezes tortuoso,

às  vezes bifurcado,

novas escolhas,

novo rumo traçado,

novas descobertas,

encruzilhadas,

escolhas abertas...

Corpo cansado

descansa em paraísos

semeados pelo caminho

e de novo as opções,

a viagem, as emoções,

o carinho e às vezes a secura

e as fontes que matam a sede,

vida alegre,

vida dura,

trapezista sem rede!

Não vou por aí,

vou pelos meus próprios passos,

à minha velocidade,

ao meu critério,

como um poema,

vou escrevendo

e chegando ao fim

poder sentir

que valeu a pena

se me encontrar a mim

num abraço sem fim.

Eu, pastora de mim,

ovelha tresmalhada

e reencontrada...

 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Uma flor dança




Uma flor dança

a sua beleza vermelha ao vento.

Papoila entorna o efémero encanto

na dança contradança

do seu esplendor

de pétalas aveludadas

em vermelho enlouquecido.

Vem o sol

a papoila rebenta de prazer

em chama rubra viva!

O vento volta

e tudo recomeça

e a loucura avermelha a dança à exaustão...

As pétalas vão caindo uma a uma.

A papoila fica nua.

Ja não é papoila

só resta o seu sangue

espalhado no chão.

Uma nuvem rebenta em pesadas lágrimas

sobre a papoila já cadáver

vermelho murcho.