domingo, 30 de maio de 2010

Lisboa vale sempre a pena!









Lisboa é uma cidade com tantos recantos lindos! Este bocadinho de jardim, com uma vista deliciosa existe nas traseiras da "Lost in India", uma boutique de roupa indiana (claro) em pleno Princípe Real!


sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Boris partiu







Este maravilhoso ser esteve connosco durante 11 anos a colorir a nossa existência. Foi um companheiro de uma amizade e sensibilidade extremas. Ontem deixou-nos. Mas ficou num cantinho dentro do nosso coração. Boris: obrigada!



domingo, 23 de maio de 2010

Fernando Pessoa





Temos, todos que vivemos,
uma vida que é vivida
e outra vida que é pensada,
e a única vida que temos
é essa que é dividida
entre a verdadeira e a errada.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Feira do Livro e o Amor aos Livros







Nunca a Feira do Livro me soube tão bem como este ano.

Fiz-lhe várias visitas. Comprei livros, fui ouvir concertos, encontrei amigos, frequentei um workshop de Escrita Criativa, aproveitei a Happy Hour, estive sentada a ler… O tempo esteve bom, a ideia de ser em Maio é excelente, mais uma semana resultou bem, os concertos à noite valem bem a pena e são mais um pretexto para voltar, a Happy Hour tem todo o interesse, particularmente neste momento de crise.

Isto de comprar livros é um vício delicioso! Pegar no livro, folheá-lo e sentir a textura do papel, ser atraída por uma capa bem escolhida, antecipar o prazer de descobrir o mundo que ele encerra, a surpresa, um pouco da alma de quem o escreveu, o que receberemos dele, o que despertará em nós, o que nos vai ensinar, o que nos vai fazer crescer, o diálogo que vamos manter com ele, enfim: um não acabar de sensações que só um bom amigo nos pode proporcionar! E os livros são amigos para a vida!

Transcrevo alguns pensamentos de amor aos livros e ao acto de ler e escrever.

“O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar” (Eugène Delacroix)

“Sempre imaginei o paraíso como uma grande biblioteca” (Jorge Luis Borges)

Os livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; os mais pacientes professores” (Charles W. Elliot)

“A leitura de um bom livro é um diálogo incessante. O livro fala e a alma responde” (André Maurois)

“Dupla delícia: o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado” (Mário Quintana)

“Devemos ler para oferecer à nossa alma a oportunidade da luxúria” (Henry Miller)

“O livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos” (Jorge Luis Borges)

“É o que tu lês quando não tens que fazê-lo que determinará o que serás quando não puderes evitar” (Oscar Wilde)

“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive” (Padre António Vieira)

“Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma” (Fernando Pessoa)

“Não há livros morais nem imorais. O que há são livros mal escritos ou bem escritos” (Oscar Wilde)

“Uma boa leitura dispensa com vantagem a companhia de pessoas frívolas” (Marquês de Maricá)

“Quando lês um clássico não vês mais no livro do que havia antes; vês mais em ti do que havia antes” (Clifton Fadiman)

“Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como um corpo que não come” (Vitor Hugo)

“Um livro deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro da nossa alma” (Franz Kafka)

“Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias” (Mário Vargas Llosa)

“Numa boa biblioteca sentes, de uma forma misteriosa, que estás absorvendo, através da pele, a sabedoria contida em todos aqueles livros, mesmo sem os abrires” (Mark Twain)

Maravilhosos companheiros de grandes aventuras, sem vocês a vida seria muito pobre!


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Que vergonha rapazes - Miguel Guilherme




Fui ver, ouvir e gozar o espectáculo “Que vergonha rapazes” com o Miguel Guilherme e encheu-me as medidas! Esperava bastante dele, mas superou as minhas expectativas.

É preciso muito talento e muita garra para fazer de uma forma tão elegante e inteligente uma hora como aquela que ele dá ao público. É realmente um fantástico one man show!

A partir de uma antologia organizada por Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos, a escolha dos textos, dos poemas e até duma crónica do Ricardo Araújo Pereira foi certeira. São desfiados Cesariny, Bocage, O'Neil, Miguel Esteves Cardoso, Adília Lopes, Alberto Pimenta, José Sesinando e Mário Henrique-Leiria. O humor sempre corrosivo,  com linguagem mais subtil ou bem vernácula, alia a provocação e a inteligência nesta brilhante interpretação. O resultado fez com que valesse bem a pena ter saído de casa e optado por aquela ida ao velhinho Maxime.  O Manuel João Vieira tem ali um excelente espaço muito intimista e simpático!

Além de que me ri com vontade, cá do fundo. E rir faz muito bem, principalmente agora que há tanta coisa para nos tirar a vontade de rir neste país…

É bom ver que em Portugal também se fazem excelentes espectáculos com a prata da casa. E esta prata não oxidou!

Só um bocadinho de um texto hilariante do Miguel Esteves Cardoso sobre a defesa de um bom palavrão oportuno e sem falsos moralismos: “…Para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer: fica na vagina da mãe ou no ânus de Judas…”

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma encantadora velhinha criada num fim de tarde num workshop da Feira do Livro






Aquela velhinha toda bem posta é uma graça! Aquele olhar misterioso de quem fez muita maroteira, de quem viveu tudo a que tinha direito, deixa muita margem para a imaginação. Naquele seu aprumo, na sua faceta fashion, percebe-se que foi uma coquete…

A sua actividade há-de ter tido a ver com o acto de criar! A forma como olha, percebe-se que vê para além das aparências, faz a radiografia colorida, está a criar de mim uma história, como eu estou a criar a dela. Este intercâmbio faz-nos sentir que temos uma ligação. Sempre nos olhamos, nos analisamos, nos inventamos… E trocamos um imperceptível sorriso de cumplicidade…

E assim seguimos revigoradas para o nosso dia e a nossa própria vida.



A casa desta velha senhora é um mix de peças de cerejeira do início do século passado com cortinados de seda de cores fortes a combinar com todos os tamanhos e feitios de almofadas coloridas. Há souvenirs do mundo inteiro que contam histórias, muitas memórias.

As paredes têm arte e mais arte e toda a casa é uma obra de arte, porque tecida pelo viver cheio de uma vida, aliás, de várias vidas numa vida…

E o gato dorme com o seu lustroso pelo preto que reluz ao sol na almofada vermelha da cadeira branca de ferro forjado.

A casa respira boas energias e o cheiro a incenso e a jasmim leva-nos para outros mundos visitados e sonhados por esta deliciosa inquilina.

Quando se for a sua presença ficará impregnada, fará parte da história que esta casa conta.



Como bailarina correu mundo. Suscitou muitas paixões, desencadeou tempestades sentimentais, mas ela reservava-se para algo melhor; criara tantas expectativas que parecia que o comum dos mortais não tinha hipótese de vagamente se aproximar…

Até que um dia ele chegou sem palavras e com aquele olhar preto e profundo e enorme. E ela, deslumbrada, seguiu-o. Ele estava além do que tinha imaginado, a realidade ultrapassou o sonho. Viveram uma paixão tórrida, perdidos e achados um no outro. Ele era um cidadão do mundo e viveram a sua história por esse mundo fora, viajaram sempre, renovaram-se em todos os destinos, foi um amor sempre em movimento. Ela deixou tudo para trás e partem nesta aventura imensa. Estão sempre juntos, devoram-se, vivem tudo até ao limite. Amam-se sem passado e sem futuro. O que conta é o que têm agora. São imortais, o tempo não existe.

Um dia acorda e ele não está lá. Nunca mais estará. Partiu como chegou: sem palavras.

A dor não se conta, dilacera. Ela guardou aquele homem bem dentro e vive aquela paixão intensa em sonhos escaldantes nas noites em que transpira solidão.

Boris, um amor de cão


No dia 6 de Maio de 1999 fui o primeiro de oito irmãos a ser lambido e encorajado pela minha mãe a entrar neste mundo. Apresento-me: sou o Boris (está-se mesmo a ver que esta brisa de leste veio de um sujeito que passava a vida bêbado, o que, sendo presidente da Rússia, nem era de espantar!) Mas os criadores donde vim podiam ter tido mais bom gosto! Adiante! A minha raça tem categoria, “epagneul breton”, sou um cão com pedigree! Mas sou um porreiraço!


Aos três meses tive a maior das alegrias: a minha dona escolheu-me dentre todos: ficámos encantados um pelo outro. Eu seguia-a para todo o lado e ela dava-me mais miminho que a minha mãe, porque não dividia por oito! E depois à noite veio o meu dono que ficou doido comigo! Que mais poderia um cachorrinho desejar?

Este paraíso durou dois dias, os meus donos não me podiam ter num apartamento e levaram-me para casa dos pais para o campo. Os velhotes até gostaram muito de mim, mas não era a mesma coisa!

O Kiko, sendo um grande maluco, tem sido o meu companheiro para todas as folias. O Basílio é um rafeiro tipo arrastadeira e rosna por tudo e por nada. Temos muitos ciúmes dos mimos dos meus donos e às vezes há lutas bem renhidas, mas com o tempo fomo-nos habituando. Eu e o Kiko corríamos pelos terrenos em velocidade super-sónica, atrás do vento, da aventura, dos coelhos, era a loucura! O pobre Basílio lá tentava seguir-nos dentro das fracas possibilidades das suas pernas de pequenote! Mas a minha grande amiga sempre foi a Tininha, uma deliciosa gatinha que eu adoro! Dormimos juntos, adoro brincar com ela, ela lambe-me e eu meto a cabeça dela na minha bocarra, ela dá-me turrinhas! Sempre me dei bem com os felinos!




Entre as visitas dos meus donos de Lisboa, algumas idas à praia, a vida no campo, as atenções dos meus donos velhotes, os meus companheiros, a minha vida foi decorrendo sem problemas, sempre muito bem tratado, muito alegre, muito acarinhado…

Mas o tempo voa e não perdoa, mal damos por isso! Quando tudo parece já aprendido, as coisas estão estáveis, a vida corre calminha e gostosa, aparecem devagarinho as pequenas limitações, que vão crescendo, se vão instalando até darem conta de nós. Parece que é igual para todos!

Ultimamente tenho pregado muitos sustos aos meus queridos donos. Quase me passei para o outro lado, mas eles lá me tratam com umas drogas e lá continuo, mas mal, com muito esforço. Custa-me tanto vê-los sofrer que luto mais um bocadinho para continuar ao lado deles. E nunca me queixo!

Oiço muito mal, tenho muitas infecções, dói-me um bocadinho de tudo. O que é a vida: eu que adorava correr, agora mal consigo andar, arrasto-me devagarinho…adorava comer, sonhava com a comida, toda, quanto mais melhor, agora só consigo comer paté, tudo passadinho e sem graça!... o meu hobby era jogar à bola!

Mas estou tão apegado aos meus donos que não quero desistir. Eles tratam-me com tanto carinho e eu retribuo com este amor incondicional, que sinto desde o primeiro dia em que me pegaram ao colo e que sentirei até ao último dos meus dias, quando tiverem de me voltar a pegar ao colo pelos piores motivos. Amor de cão, que apenas quer ser aceite!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O caminho



Fez este caminho vezes sem conta, mas só hoje se apercebeu de como era comprido e difícil…

Este caminho sempre a levou de sua casa para o mundo, para a vida, para os outros, para o trabalho, para fora do seu pequeno mundo…

Todos os dias saía de manhã bem cedo com a cabeça cheia de projectos, de novas ideias, com a alegria de saber que ia ter um dia bem preenchido, o trabalho, os colegas, os clientes. Adorava trabalhar na agência, criar campanhas, trabalhar em grupo, ver os resultados finais, sentir orgulho, ser recompensada.

Houve alturas em que correu por ali fora sem sequer sentir o caminho, sem sequer o ver, na expectativa do que a esperava do outro lado, dos dois lados. O caminho tinha um começo e um fim e ambos a satisfaziam. A vida fervilhava entre o lá e o cá.

Houve tantos momentos em que sentiu este caminho como um amigo, com ele partilhou tantas preocupações e alegrias, tantas tristezas e ilusões, tantos sonhos…

E todos os dias voltava por aquele mesmo caminho tão gostosamente cansada, mas sabendo que a esperavam em casa outras alegrias.

E agora? Como iria viver? Nunca tinha estado sem trabalhar! O que ia fazer com o seu tempo? E o dinheiro? E os colegas? E a falta de motivo para percorrer este caminho tão longo, tão cansativo…

Já não é o mesmo caminho. Custa a percorrer. Já não o percorre, apenas o perpara, o percorre parando. O caminho é mais longo, muito longo. E já nada de especial a espera do outro lado. O caminho já não leva a lado nenhum. É apenas um caminho longo e difícil…

terça-feira, 11 de maio de 2010

Correr para a mesa, saltar para a cama

Sexta-feira já bem tarde, estava eu a praticar um dos meus passatempos preferidos: fazer zapping, quando passo pela RTP e oiço o Herman José a perguntar ao prof. Carlos Queirós qual era o segredo dele para manter a sua excelente forma física, se fazia muito desporto. Ao que ele respondeu: - “Ando muito e costumo dizer que os meus desportos são correr para a mesa e saltar para a cama!”


Achei imensa graça! Se estes dois desportos nos ajudam a manter com o bom aspecto e a excelente forma que o Professor aparenta, então só temos que seguir-lhe o exemplo!


Mas não podemos esquecer de andar e muito, porque, actualmente, a gordura já não é formosura, é antes uma ditadura. E, como qualquer ditadura, temos de a combater antes que se instale.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ARTE PURA E DURA!

Pois pode não parecer, mas os objectos pendurados são obras de arte! Todos nós conseguimos arranjar umas cuequinhas ou uma camisa de dormir e fazer as nossas próprias obras de arte! Bora lá criar! Com tanta arte, o meu marido ficou um bocadinho abichanado! Eu fiquei absolutamente deslumbrada. E assim vamos andando! Isto faz parte de uma exposição patente no Centro de Artes de Sines de uma inglesa a viver em Portugal e tem a ver com o olhar dela sobre o Alentejo. Lindo!  Isto sim, dá que pensar! Portugal no seu melhor! E nós a vê-los a expôr estas maravilhas sobre nós próprios!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Novas expressões precisam-se!


Hoje em dia já não faz muito sentido a expressão “escrever ao correr da pena”. Pode considerar-se caída em desuso, porque já poucos escrevem com caneta e papel, ainda menos com pena.

Nova expressão precisa-se! Como se vai dizer? Ao correr do teclado? Ao bater do teclado? Ao teclar? Vamos ficar a perder em beleza de linguagem! Mas ganhamos o tempo do escreve, risca, gasta papel! Agora carrega em delete e já está.

Mas há mais!

Antes ia-se para a cozinha fazer um petisco que demoraria o seu tempo. Tudo se ia fazendo, cozinhando por partes, em lume brando e curtindo os entretantos. Hoje já não se usa cozinhar, só em dias especiais! Agora enfiam-se os ingredientes na Bimby com aquelas receitas padrão e ela lá se desembrulha para fazer refeições de todo o género e feitio!

Como vamos dizer: vou bimbar? Uf! Corre-se o risco de grandes confusões com os bimbos e é muito feio, convenhamos! Então que tal: vamos pôr a Bimby a trabalhar para nós? Ui, ui! Aconselho os homens a não falarem nesses termos, pode originar sérias confusões!

Para evitar estes problemas, continuo a escrever ao correr da pena (sempre que algo me surge)! E adoro cozinhar à séria e à moda antiga, devagar q.b., com o cheiro a espalhar-se devagarinho pela casa e a minha gata toda empinada a snifar o ar e a lamber-se por antecipação ao prazer de saborear um pitéu! Estes sabores e saberes podem dar mais trabalho, mas dão de certeza mais prazer.



segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um verdadeiramente novo dia



Abriu os olhos a medo: um novo dia! Novo de verdade! Novo como já nem sabia que os dias podiam ser!

E agora? O que iria ela fazer com este novo dia desta nova vida que começava neste preciso momento? Devia ser isto que um pintor sentia perante uma tela em branco. Também ela ansiava pela inspiração!

Mas não: o artista podia sempre pintar outro quadro, podia ir aperfeiçoando a sua técnica, podia evoluir em cada novo trabalho, experimentando novas abordagens...

Ela não podia voltar a falhar!

Já fizera o enterro do passado. Passara um desperdiçado período de luto. Já lambera as feridas. Já estavam cicatrizadas. Nascera-lhe uma nova pele. E uma nova alma também! E estava agora a nascer-lhe uma nova vida. Era um parto feliz!

Flashes, muitos flashes, uma vida feita de muitas vidas, muitas partilhas, muitas emoções. Demasiadas? Impossível fazer contas.

Muitos momentos sublimes. Um corpo que se funde no outro, a partilha total, impossível saber quem é quem, o prazer é uno, o poder do momento, sentir a imortalidade, possuir a eternidade. O máximo!

E o bater no fundo mais fundo, de onde já não dá para descer mais. Nada saber, tudo se ter desvanecido, o cimo do poço está algures, mas nem dá para ver qualquer luz. Foram trevas tremendas, o inferno mais terrível, ai Catecismo sempre serviste para alguma coisa! Que horrorosa sensação de poder sentir o fogo que tão bem lhe ensinaram! Nunca a criança que foi imaginou viver em vida esse terror tão entranhado na consciência da culpa! Afinal eles sabiam!

Mas agora já não, está algures num limbo... perfeitamente protegida... mas é preciso reunir as forças, é preciso recomeçar, outra vez ainda!

Tanto tempo “dentro” não matara a mulher que tinha muitos sonhos para viver, assim a vida e os outros a deixassem! Assim conseguisse agradar no novo trabalho! Assim, assim, nada! Ela era a obreira dos seus dias e iria viver agora o tempo que gastara inutilmente ou não? Não, aprendera demasiado com aquela grande amiga: a Solidão e aquela outra amiga: a Consciência! As três tinham-na reconstruído, pedaço por pedaço...

Pôs um pé no chão. E pôs o outro. E a seguir pôs de pé aquele novo corpo. Olhou de frente o espelho e apaixonou-se pela desconhecida que lhe sorriu.

Deu um salto e entrou no novo dia.

"Ladrão de Fogo” de Pedro Paixão

Acabei de ler este livro e soube-me muito bem.

O Amor com todas as suas contradições: como nos agarra quando foge, como o descuramos quando ainda é possível: “O amor é esse conflito permanente e completo: liberta e agarra, é doçura e amargura, refaz e desfaz, ressuscita e adormece, faz-nos sonhar e confronta-nos com a realidade pura e dura, dá à luz. Mas também tem o poder de nos matar”. Trata também da pequenez e solidão humanas face ao tempo imparável: “Não chegamos nem a começar nem a acabar o que quer que seja, sobretudo nas vias do amor. E o tempo sempre a bater, esse nunca se cansa. A pôr veias salientes nas mãos que não enganam nunca”. É de Mestre!

Atrai-me a força da escrita do P.P. Frases curtas, irrepreensivelmente esculpidas, as palavras simples e directas, as imagens atingem-nos: “Entraste em mim como uma seta, rápida como o vento, quente como o fogo”.

“Foi a tua voz que me agarrou por dentro”: não havia melhor forma de contar este sentir!

Cada frase diz tudo o que tem a dizer. Nada falta, nada está a mais: “Eu amei todas as ilusões que fui sendo”.

A sua escrita é feita de saber vivido, muito intensa, muito sentida, muito forte. As vivências afectivas são ditas sem rodriguinhos, sem lugares-comuns, com amargura misturada, tal como na vida: “Os corpos servem para isso, para se comerem uns aos outros. Para se destruírem, para se irem destruindo pouco a pouco, irremediavelmente, para se comerem”.

Um livro que nos agarra, nos faz reflectir, nos deixa mais ricos. E é sempre muito bom ver a língua portuguesa tratada com tanta mestria por este artífice da palavra.

P.P. no seu melhor!


sábado, 1 de maio de 2010

TERRAKOTA "É VERDADE" 2007



Vale sempre a pena ouvir boa música, neste caso world music, bem diferente, alternativa. Os Terrakota são muito boa onda, boas energias em palco, peace, defesa dos valores ambientais, mestiçagem, igualdade, um mundo sem fronteiras. Ainda por cima um vídeo premiado pela MTV. Enjoy!