Ser o que se pode é a felicidade.
Mas o que é a felicidade?
É ser o que se pode e contentarmo-nos com isso?
Não.
É talvez tentar expandir o que se pode.
Querer é poder. Logo, poder é querer.
Mas o ser anseia sempre por mais.
Pelo que não alcançou. Pelo que sabe que pode ou quer alcançar.
Rebela-se contra a injustiça. Contra o que o limita. E agita.
E o ser grita por mais.
Ser feliz é o que se é num momento de sonho. Esteve-se lá. Experimentou-se. Ou viveu-se?
A seguir aterra-se. Na real.
Aterrar e voltar a voar. Levantar voo. Que emoção!
Ser feliz é saber colorir uma realidade cinzenta.
Pintá-la com as cores mais alegres. Vibrantes.
Sermos arrastados pelo nosso próprio entusiasmo.
Embarcar num faz de conta a sério.
O que é real?
Os nossos sentidos são tão enganadores!
Mesmo o sexto. Até mais esse. Sexto sentido tão querido! Tão nosso!
Real é aquilo que sentimos nas manhãs em que acordamos alegres e distribuímos sorrisos por todos? E o dia retribui e sorri também! Ganhamos o dia. E os outros não têm coragem de mostrar má cara a uma pessoa com tamanha energia empática… Apanhamo-los.
E também é real o dia em que acordamos e vemos que à volta tudo é sombrio e apetece voltar para a cama e não ir por aí?
A Felicidade existe? É um estado de espírito? É uma festa da alma?
E, como uma festa, é passageira. Acaba. Ficam os tristes restos. Para arrumar.
Ser o contrário de feliz é apenas a outra face da moeda.
Ao mandá-la ao ar, apanhamos com a sua escolha. Não a nossa! Puro acaso!
Podemos controlar o acaso?
Ou, por acaso, somos controlados pelo dito acaso?
Eu sei lá! Eu só sei que nada sei.
Partindo do nada, posso vir a aprender um bocadinho de alguma coisa.
Tenho todo o espaço livre para… ou não.
É minha a opção.
Sou o que posso cada dia. E há dias felizes.
Dias em que pinto os meus minutos das mais belas cores.
Mas há outros dias.
Há dias em que nem consigo pegar no pincel…