segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Avermelhando um dia cinzento




Alice acordou, contra a sua vontade, de um sonho colorido e quente. A chuva a bater com toda a força contra a persiana esfriou-lhe o acordar… Fechou os olhos e fez muita força para voltar ao sonho, mas nem ao sono conseguiu voltar!

A maluca da chuva a dar uma enorme tareia à persiana. Que violência! Como detestava a chuva, o frio, os dias sem sol, sem luz! Sonhava com países tropicais, com mergulhos em azul turquesa, olhares húmidos despertos por corpos morenos esculpidos em contra-sol… Adorava sonhar a cores quentes!

O calor da cama chamava-a, mas o trabalho, esse mata-sonhos, chamava-a fortalecido com o poder da realidade.

Deu um salto e aterrou no tapete. Espreguiçou-se gostosamente e sentiu o Tobias a roçar-lhe nas pernas! Dengoso, este felino preto e felpudo! Fez-lhe uma festa  que deslizou pelo aveludado daquele pelo longo. Que calmante era esta criatura!

Abriu as persianas e olhou a cidade lá em baixo e o céu mesmo em frente. O céu cinzento, a cidade cinzenta, o asfalto cinzento: belo dia que se pinta sem cor!

Alice tomou banho, tomou o pequeno-almoço e tomou uma decisão: hoje iria vestir aquele vestido sensual e vermelho que lhe fazia bem ao ego!

E lá saiu para a rua cinzenta, avermelhando o seu dia com a paixão que o sonho lhe inculcara e que o vestido relembrava.

Que bom poder sonhar, semeando papoilas pelos dias cinzentos. Avermelhar é preciso!

Sem comentários:

Enviar um comentário