Alice acordou, contra
a sua vontade, de um sonho colorido e quente. A chuva a bater com toda a força
contra a persiana esfriou-lhe o acordar… Fechou os olhos e fez muita força para
voltar ao sonho, mas nem ao sono conseguiu voltar!
A maluca da chuva a
dar uma enorme tareia à persiana. Que violência! Como detestava a chuva, o
frio, os dias sem sol, sem luz! Sonhava com países tropicais, com mergulhos em
azul turquesa, olhares húmidos despertos por corpos morenos esculpidos em contra-sol…
Adorava sonhar a cores quentes!
O calor da cama
chamava-a, mas o trabalho, esse mata-sonhos, chamava-a fortalecido com o poder
da realidade.
Deu um salto e
aterrou no tapete. Espreguiçou-se gostosamente e sentiu o Tobias a roçar-lhe
nas pernas! Dengoso, este felino preto e felpudo! Fez-lhe uma festa que deslizou pelo aveludado daquele pelo
longo. Que calmante era esta criatura!
Abriu as persianas e
olhou a cidade lá em baixo e o céu mesmo em frente. O céu cinzento, a cidade
cinzenta, o asfalto cinzento: belo dia que se pinta sem cor!
Alice tomou banho,
tomou o pequeno-almoço e tomou uma decisão: hoje iria vestir aquele vestido
sensual e vermelho que lhe fazia bem ao ego!
E lá saiu para a rua
cinzenta, avermelhando o seu dia com a paixão que o sonho lhe inculcara e que o
vestido relembrava.
Que bom poder sonhar,
semeando papoilas pelos dias cinzentos. Avermelhar é preciso!
Sem comentários:
Enviar um comentário