domingo, 28 de setembro de 2014

Hoje não posso ver ninguém




Hoje não posso ver ninguém,

tirei o dia para mim,

sou assim!

Tenho dias de anti-social,

não me levem a mal,

há dias assim

em que ando a tomar 

conta de mim!

Vou estar só comigo,

lamber as feridas,

espreitar o meu umbigo,

ser gata tomando banho de calma,

lamber-me até ao fundo,

até à alma

para amanhã voltar ao mundo

e ver o quão bom foi hibernar

feita gata sem dono,

mostrar a barriguinha ao sol,

votar-me ao abandono de existir

só pelo prazer de gozar o calor do sol,

espreguiçar a minha vidinha,

comer e beber e ser só uma gatinha

que amanhã volta à vida

com dono, com festas, com gente,

tão querida,

tao ovelha no rebanho,

do seu normal tamanho,

redimida,

de volta à vida de gata integrada, cordata, felina só em part-time,

com açaime, 

ão, ão, miau,miau,  fffff!
 

2 comentários:

  1. Bonito poema de estarmos só conosco próprios. Boa comparação com o Gato!. Muito bem cara amiga!

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  2. Gostei muito deste teu poema que é definidor de um estado de alma e de um desejo absolutamente natural. Eu, curiosamente, neste momento gostava mais de ser um gato sociável, comer e beber com a minha gatinha e depois talvez tomar um banho de calma para de seguida, redimido e cordato, regressar à minha vidinha. Desejos do momento! Mas gostava de ser um pouco assim toda a vida. JJ

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