sábado, 4 de dezembro de 2010

A dor




Aquele pedaço de campo era sinistro: o horror em estado puro! Os cromados retorcidos criavam imagens surreais à luz daquela lua tão perfeita e indiferente aquela catástrofe terrena. Apenas o fumo mexia subindo pela noite escura e dando uma teatralidade à cena que nos remetia para cenários demoníacos.

Há muito pouco tempo aquilo era um lindo carro vermelho, deslizando depressa pela noite, iluminado por aquela lua. Lá dentro íamos os dois em direcção a uma urgente noite de amor que prometia paraísos. Mas aquela curva ficou direita, o precipício esperava-nos e nós não esperávamos por ele. O paraíso que nos acenava passou a inferno: o incêndio foi rápido, a explosão brutal. Fomos consumidos depressa, a morte foi violenta e rápida.

Viver indica dor e morrer é indicador de que a dor acabou.

E estes meus pesadelos indicam que estou a enlouquecer…



3 comentários:

  1. Não estás a elouquecer não minha querida. Com um texto destes só podes é estar muito sã, porque estas palavras foram escritas no decorrer de um estado de razão e reflexão, digno de uma escritora que tem mostrado ao mundo, como é escrever em português. Beijinhos.
    Ah! e os temas estão a ficar fortes. Gosto disso.

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  2. Não sei comentar.Desilusão de viver? Sonho adiado?Sentimento estilhaçado? Ou tão simplesmente imaginação produtiva e activa de uma escrita em pleno desenvolvimento? Um pouco mais de tinta...Um poco mais de imaginação... Um pouco mais de labor... e o livro sai.
    Bjs

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  3. Ficção??
    Realidade??
    Medo??
    Premonição??
    Não...o que sinto, é uma força voraz num amor intemporal.
    De um amor na vida, na morte fisica, (apenas), mas indestrutível!
    Na dor se vive, na dor se ama.
    A vida dá intensidade a um amor que a morte eterniza!
    O cenário...é a fuga para a eternidade, para o absoluto de um amor que não tem espaço na terra, mas que o infinito manterá "vivo"!
    Como amo o seu amor, sobrevivido e resistente ao exíguo espaço terrestre, que a morte imortalizou!!!
    Docemente, com um beijo V.M.

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