terça-feira, 1 de novembro de 2011

Palavra puxa palavra: inconstância, mandalas, constância, lua



A inconstância é uma constante da nossa evolução.

Evoluir é mudar.

Neste momento não sou a mesma que começou a escrever este texto.

Já sou outra.

Evoluí.

Não sou constante.

Tenho a capacidade de mudar. De não gostar das horas anteriores.

E mudá-las.

E mandá-las.

Mandá-las para o passado a que pertencem.

Mandá-las ficar quietas, dormir se quiserem.

E pelas mandalas pensar aqui e agora.

No momento. Diferente. De diferente constância.

Para uns inconstância.

Para mim a constância de mim mesma.

Sou uma Constância inconstante.

Ser-se, chamar-se Constância é monótono.

Não por se ter sempre o mesmo nome.

Nunca temos ânimo nem coragem para mudar de nome.

Habituamo-nos.

E às tantas encarnamo-lo.

E até chego a pensar que ele é eu e eu sou ele.

Mas chamar-se Constância deve ser traumatizante.

Sentir o peso de cada mudança. Sentir a culpa por mudar. A culpa de trair o próprio nome.

Que horror!

Se me chamasse Constância mudava de nome.

Escolhia um nome que me tornasse outro eu.

Completamente diferente.

Que não me atasse.

Que não me limitasse.

Um nome que me elevasse.

E me deixasse espaço e tempo para várias facetas. Várias faces.

Seria Lua.

Estaria alta.

Brilharia pelas noites escuras.

Viveria no mundo da Lua.

Seria parte do imaginário de toda a gente.

Inspiraria poetas.

Seria a companhia dos sós. Dos que sonham.

Dos que vagueiam pelas noites.

Dos desesperados.

Dos apaixonados.

Estaria ali tão perto e tão inacessível.

Mas estaria.

Seria importante.

Seria não omnipresente, mas luaria para todos.

Seria cheia. Ou nova. Decresceria para quarto. E para quarto cresceria.

Curioso!

E saber que voltaria a encher…

E voltaria a ser nova…

Que maravilha!

Só mesmo a Lua…

Nesse caso, só mesmo eu…

2 comentários:

  1. Menina de saia rodada, laçarote no cabelo, saquinha azul na mão jogando á macaca, tropeçando nas marcas , caindo na calçada, esfolando os joelhos e abrindo a saquinha de onde saem as palavras. Menina que brinca com as palavras, atirando-as ao vento , fazendo um papgaio e puxando a lua.
    És tua minha amiga, qual Mia Couto no feminino.
    Gostei mto. Bjs

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  2. Turbilhão de sentimentos num jogo palavras, um texto tratado com inteligência e muita e muita sensibilidade.

    Gostei muito.

    Bjnh

    J.J.

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