sábado, 3 de dezembro de 2011

A criança pode crescer para tudo





Nasce.

Começa a envelhecer.

Tudo está em aberto.

Cresce devagar.

O tempo não passa.

Quem lhe dera ser grande!

Para ser livre,

Sabe que vai ser tudo o que quiser

O futuro é aquela luz brilhante que o ofusca, muito longe…

É barro fresco

Todos os risquinhos ficam marcados.

É uma flor ao vento

Cuidado, pode partir.

Torcer, tem de torcer,

Mas partir, não pode, não deve.

É imortal

Os adultos falam da morte,

Mas ele é imortal.

Sonha,

Brinca,

Pula.

Pula e pula e o tempo demora a pular, a passar…

Um dia também ele será importante,

Fará coisas muito importantes.

Pode crescer para tudo…

Pode vir a ser tudo…

Que bom!

É feliz!

Não precisa se preocupar com nada.

O mundo dos grandes protege o seu pequeno mundinho.

À noite tem sonhos bonitos

E acorda com fome

Fome de conhecer, de viver.

E vai crescendo ele e a fome…

Tem de cumprir ordens.

Revolta-se

Mas refugia-se no futuro, no sonho.

Ainda não tem peso, ainda não tem passado.

Não sabe ainda que se revoltará mais, no futuro

E aí já terá um passado a pesar-lhe, a puxá-lo para trás…

Pode crescer para tudo.

Pode até crescer para um dia sentir saudades de ser pequenino.

Pode crescer para tudo.

Pode crescer para depois não poder crescer mais.

Ou talvez não.

Talvez nunca pare de crescer.

Desde que não pare de sonhar…

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