O poema está desfeito,
Como se o passado descesse as escadas,
Degrau a degrau,
Devagar,
Devagarinho
Para doer mais…
Desço
Ao fundo de mim,
Degrau a degrau.
As pernas cansadas
A dor nas pernas
São as saudades a morder as canelas do poema.
Poema passado,
Percorrido
Verso a verso,
Degrau a degrau
Até ao fundo de mim.
Saudade
Dum futuro que não existe.
O poema morreu.
Ali
No fundo
Como se o mundo
Fosse o que vejo
Da minha janela
Virada para mim
E cheia de mundo.
O poema era tudo,
Era profundo,
Era isso tudo,
Era o mundo!
O meu mundo!
O poema iluminado
Como se a lua
Estivesse presa
À electricidade.
E, de repente,
Não mais que de repente,
Tivessem cortado a luz.
Como se eu não tivesse pago a conta…
E agora
Sem luz
Não vejo o poema…
Apalpo as sombras das palavras,
Tateio os lugares dos versos
Mas não consigo lá chegar.
O poema brinca comigo do além
E eu morro de saudades,
Aqui,
Agora.
Só,
Sem poema,
Sem lua,
Sem electricidade.
Que pena!
Estou nesta enorme tensão
Entre o passado e o futuro.
A dor perdeu a orientação.
Gosto
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