terça-feira, 17 de julho de 2012

vai-se... assim, assim




Alastra um eco

Silencioso

Riscando esta noite negra sem tempo.

Penso

E dói

Em lâmina afiada

Cortando e abrindo

O avesso do meu sentir.

Vai-se indo, assim, assim



Fogo dança

Pelos trilhos do meu corpo

A espantar

O cinzento frio

Deste Inverno

Feito mancha

Oxidada sem tempo.

Vai-se andando, assim, assim



A dor

Ilumina

Em arco-íris

Riscado nas paredes

Erguidas pelo medo

Prisão-ninho

Da minha solidão

Em posição fetal.

Vai-se vivendo, assim, assim



Um grito

É lançado

Em precipício de espelhos

Partindo

Em explosão de eus

Vivendo cá dentro

Passageiros

Em permanente

Viagem

Por labirintos de alma.

Vai-se partindo, assim, assim

1 comentário:

  1. Solidão feita feto que vai respirando num líquido lacriamniótico.
    O tempo vai desenvolvendo essa tristeza, não em 9 meses, não em 1 ano mas, em horas descorados e alargadas de dor.
    A solidão mexe, remexe procurando posição de aconchego. Um dia as lacriamnióticas rebentam e o feto-solidão sai, dando origem ao grito magistralmente pintado por Munch.
    E a paz reina na Alma.
    cComo sempre gostei imenso.

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