terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nasceu-lhe um gatinho na cabeça



Nasceu-lhe um gatinho na cabeça

Um gatinho sobe pelo corpo da Marta acima. Ela ri-se num cúmplice bem-estar. Ele corre com o riso dela. Trepa-lhe para a cabeça e empurra-lhe o cabelo para os olhos. Um flash: a máquina capta o momento colorido de ternura com o gatinho cinzento. O fundo é cinzento de pedras da Galiza. O céu lá fora também está cinzento. O cheiro branco do leite transborda do gatinho.

Assim se deu o parto feliz: o gatinho nasceu na cabeça da Marta, juntamente com a felicidade estampada no seu rosto redondo, qual lua cheia grávida de esperança, porque a vida é gostosa e promete amanhãs coloridos. E despenteada, como se tem de estar, porque a vida despenteia quando se vive com gosto.



Morreu-lhe um gatinho na cabeça

Morreu-lhe um gatinho na cabeça. O cheiro do leite azedou. Os campos lá fora ficaram vermelhos, tingidos do sangue que não parava de latejar na sua cabeça. Já morrera o conforto e o ron-ron. A tempestade irrompeu por ela abaixo e um relâmpago consumiu-a de medo. O gato morreu. As férias viraram pesadelo. O amanhã já não existe. Só quer enterrar a cabeça num buraco qualquer.

Mentira! Esta morte não passou de um exercício ao contrário duma aula de escrita criativa. Faz, desfaz e refaz! Já passou. O gatinho está vivo e recomenda-se e a Marta continua a ter um amiguinho de quatro patas muito brincalhão.

Tudo está bem quando acaba bem.

3 comentários:

  1. A vantagem da escrita é vivermos expriências fantásticas que começam e acabam na ponta do lápis.A imaginação é um mundo......

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  2. Primeiro de tudo queris dar aqui os parabéns à Atena, pela bela frase.
    Agora para ti kiduxa, o que posso dizer, mais uma vez a tua escrita maravilha a minha leitura. As tuas palavras são como rebuçados que adoçam os meus momentos de lazer. Sabes fico cada vez mais curiosa em saber como seria um livro escrito por ti, como desenrolarias uma história, um romance. Já pensaste nisso? Eu teria muito gosto em ter na minha estante um livro da autoria da minha kiduxa. Beijinhos, e venha mais outra bela história. A foto é amorosa, agora percebo como te inspiraste para escrever este texto. Pessoalmente gosto mais da primira parte (não porque esteja melhor, nada disso), apenas gosto mais de temas felizes, porque para tristezas já basta a realidade.

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  3. Atena, como diz a Sandra, que bela frase! E tu, Sandra, obrigada, as minhas palavras serem rebuçados para os teus momentos de lazer: afinal sou uma doceira! Fico contente e dá-me vontade de fazer mais e melhor! O livro já é demasiado, gostava, mas só faço coisas pequeninas.Adorei vossos comentários!

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