sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A perda

A perda que sinto é enorme. Não consigo suportá-la. Dói, embora já nem esteja presente. Dói exactamente ao contrário: dói pela ausência. Como pode a não existência doer? Mas dói imensamente. Dói a sensação de vazio que ficou. Dói o saber que nunca mais o terei. Dói o saber que não vou arranjar substituto. Dói o perceber a falta que me faz: como vou conseguir habituar-me ao dia-a-dia sem ele?

E na minha cabeça apenas existe um objecto cravado dia e noite, a habitar todos os meus sonhos. Sonhos, quais sonhos? São mesmo pesadelos. E a faca está presente em todos eles, com a sua lâmina bem afiada, toda salpicada de sangue vermelho vivo. Os meus sonos e os meus sonhos são vermelhos de sangue e inoxidáveis como aquela faca.

Faca: a palavra corta-me: faca!

E foi isso que ela fez: cortou o meu precioso dedo indicador. Indica dor!




3 comentários:

  1. Mas que texto tão cheio de suspense. Maravilhada com esta tua veia de Mary Higgens Clark. O que inicialmente parece ser um acontecimento trágico que envolve alguém muito querido, não passa de um dedo indicador que não sendo muito querido, é muito útil. E a tua escrita indicou-nos ao final.
    Ah e fico contente por isto ser apenas uma das tuas histórias, pois precisas dos dedinhos todos para escreveres as tuas histórias ;)

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  2. A faca corta fino produzindo uma dor fina. Numa fúria maquiavélica ela corta o que estiver no seu caminho, inclusivé, a lembrança desse corte que produziu essa dor que se prolongou nesse sonho tornado pesadelo. Corta!
    Gostei. Gostei do suspense que a princípio me levou a outros objectos de corte. Bjs

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  3. Muito bom é como um bailado de palavras,uma espécie de carrossel.

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