segunda-feira, 17 de maio de 2010

Boris, um amor de cão


No dia 6 de Maio de 1999 fui o primeiro de oito irmãos a ser lambido e encorajado pela minha mãe a entrar neste mundo. Apresento-me: sou o Boris (está-se mesmo a ver que esta brisa de leste veio de um sujeito que passava a vida bêbado, o que, sendo presidente da Rússia, nem era de espantar!) Mas os criadores donde vim podiam ter tido mais bom gosto! Adiante! A minha raça tem categoria, “epagneul breton”, sou um cão com pedigree! Mas sou um porreiraço!


Aos três meses tive a maior das alegrias: a minha dona escolheu-me dentre todos: ficámos encantados um pelo outro. Eu seguia-a para todo o lado e ela dava-me mais miminho que a minha mãe, porque não dividia por oito! E depois à noite veio o meu dono que ficou doido comigo! Que mais poderia um cachorrinho desejar?

Este paraíso durou dois dias, os meus donos não me podiam ter num apartamento e levaram-me para casa dos pais para o campo. Os velhotes até gostaram muito de mim, mas não era a mesma coisa!

O Kiko, sendo um grande maluco, tem sido o meu companheiro para todas as folias. O Basílio é um rafeiro tipo arrastadeira e rosna por tudo e por nada. Temos muitos ciúmes dos mimos dos meus donos e às vezes há lutas bem renhidas, mas com o tempo fomo-nos habituando. Eu e o Kiko corríamos pelos terrenos em velocidade super-sónica, atrás do vento, da aventura, dos coelhos, era a loucura! O pobre Basílio lá tentava seguir-nos dentro das fracas possibilidades das suas pernas de pequenote! Mas a minha grande amiga sempre foi a Tininha, uma deliciosa gatinha que eu adoro! Dormimos juntos, adoro brincar com ela, ela lambe-me e eu meto a cabeça dela na minha bocarra, ela dá-me turrinhas! Sempre me dei bem com os felinos!




Entre as visitas dos meus donos de Lisboa, algumas idas à praia, a vida no campo, as atenções dos meus donos velhotes, os meus companheiros, a minha vida foi decorrendo sem problemas, sempre muito bem tratado, muito alegre, muito acarinhado…

Mas o tempo voa e não perdoa, mal damos por isso! Quando tudo parece já aprendido, as coisas estão estáveis, a vida corre calminha e gostosa, aparecem devagarinho as pequenas limitações, que vão crescendo, se vão instalando até darem conta de nós. Parece que é igual para todos!

Ultimamente tenho pregado muitos sustos aos meus queridos donos. Quase me passei para o outro lado, mas eles lá me tratam com umas drogas e lá continuo, mas mal, com muito esforço. Custa-me tanto vê-los sofrer que luto mais um bocadinho para continuar ao lado deles. E nunca me queixo!

Oiço muito mal, tenho muitas infecções, dói-me um bocadinho de tudo. O que é a vida: eu que adorava correr, agora mal consigo andar, arrasto-me devagarinho…adorava comer, sonhava com a comida, toda, quanto mais melhor, agora só consigo comer paté, tudo passadinho e sem graça!... o meu hobby era jogar à bola!

Mas estou tão apegado aos meus donos que não quero desistir. Eles tratam-me com tanto carinho e eu retribuo com este amor incondicional, que sinto desde o primeiro dia em que me pegaram ao colo e que sentirei até ao último dos meus dias, quando tiverem de me voltar a pegar ao colo pelos piores motivos. Amor de cão, que apenas quer ser aceite!

3 comentários:

  1. Realmente este texto é de cair as lágrimas. Fiquei emocionada. Para mim os animais são como as pessoas, temos de tratá-los com muito carinho. Aliás há animais melhores que certas pessoas. É uma realidade. Eu também adoro a minha Inca, e espero que ela dure muitos anos. E o Boris de certeza que vai melhorar e ainda há-de correr muito :) Beijinhos. Adorei.

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  2. Olá cá estou eu.
    As fotografias estão um espanto, as cegonhas coloriram a nossa estadia na Comporta, tudo lá foi bom.
    Quanto ao nosso querido Boris, o teu texto reflete exactamente aquilo que ele foi para as nossas vidas... colorindo-as. Obrigado Boris, Obrigado Júlia. J.J.

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  3. Se o Boris escrevesse concerteza que ele escreveria assim a sua biografia.
    Foi, pelo que se lê, um cão feliz.

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