Oito horas desta soberba manhã e ouvi o chamamento: a extensa praia vazia chamava por alguém, alguém que a enchesse, que a gozasse em toda a sua pureza. E esse alguém era eu, que honra!
Ela oferecia-me a sua beleza nua e crua, virgem daqueles estragos que só o bicho homem consegue infligir na natureza, sob os mais nobres pretextos.
Ela abria-se para mim e eu percorria-a com todo o vagar, com toda a paixão da primeira vez. Entrei pelo seu mar adentro e deixei-me percorrer por aquele prazer sensual, aquela massagem que só o mar nos sabe fazer, enchendo de mimos os recantos pressentidos mas ainda não explorados dos meus sentidos.
Toda aquela beleza era um forte apelo à criatividade, uma tela a pedir “pinta-me”, as palavras a saltitar, a reunirem-se em frases, a construírem capítulos, a tecerem uma trama, a criarem um romance na minha cabeça.
E eu com o dia à minha frente para gozar em pleno aquela beleza, renascida e refrescada por dentro e por fora.
Mergulhada no azul, boiando no azul, olhava aquele jogo de espelhos azul e sentia-me lambida de azul. Toda aquela sinfonia azul era uma perfeição, ali nada desafinava.
Entrei numa praia vazia e saí dela cheia e bêbeda de azul. Tudo era possível. A felicidade era mesmo um estado de espírito, o meu, inspirado naquele pedaço de paraíso.
A paria é mesmo um paraíso, ao ler este texto deu-me ainda mais saudades do verão :) Beijinhos
ResponderEliminarPaleta de cres - a sua imaginação. Do vermelho salta para o azul. Azul do céu, azul do mar, azul da ametista, azul- sucedãneo de transparências.
ResponderEliminarAzul forte - calor
Azul claro - Amor.
Gostei do texto. Gosto muito do azul.